domingo, 24 de maio de 2009

FIDELIDADE OU EXCLUSIVIDADE

Não tem sido fácil encontrar-me aqui. Não tem sido fácil multiplicar-me e diferenciar-me. Nem sempre é fácil saltar entre a emoção e o concreto, entre a razão e o abstracto.

Há dias, na cidade universitária, caminhando entre a gente, o pensamento fugiu-me para as relações.
É frequente levantar-se questões sobre relações perfeitas, companheiros perfeitos, companheiros de sonho, etc. É frequente falar-se em fidelidade, em confiança e questões semelhantes. Não, não há nenhuma razão especial para me ter lembrado desta questão, foi como acordar.
Este texto foi iniciado há já bastantes dias e por alguma razão não o acabei na altura. Normalmente os meus textos são corridos e no fim corrigidos se necessário.
Este está inacabado e vai ficar assim.
Estou a fechar as palavras para balanço.
Não irei escrever em nenhum dos blogs.
É tudo.

sábado, 9 de maio de 2009

OBJECTUM SEXUAL OU OBJECTÓFILA ( O comentário Possível)

Andei durante dias a tentar encontrar um sentido, algo que pudesse dar alguma razoabilidade a este tipo de relação mas não consigo. Se alguém conseguir, por favor partilhe.
Se me perguntarem qual a palavra que mais gosto direi, Amor, para mim,a fonte de toda a vida, porque amor abarca tudo o que há de bom e elimina consequentemente tudo o que há de mau. Mas amar objectos? É o cúmulo de amar sem esperar nada em troca. Ainda que quisesse ser romântico e tentasse imaginar que estas mulheres iriam tirar algo de sentimental e satisfatório não o conseguiria idealizar. Parece-me loucura pura, talvez mesmo esquizofrenia. Talvez pense assim hoje porque o tempo está cinzento, porque gritam trovoadas que estremecem a janela da minha sala, talvez seja por isso, ou então não. Talvez seja mesmo inconcebível abraçar a Torre Eifeel.
Os entendidos explicam as razões, traumas com pessoas na infância, mas surpreende-me depois que aceitem com naturalidade estas "relações" e dizem que dura há anos, 20 anos. Não era suposto ser considerado uma doença mental, insuficiência psicológica? Quem é que realiza o casamento entre uma pessoa e um objecto inanimado?
Sou a favor de cultivar o amor sim mas não seria capaz de aspirar a tanto. Perguntam-me, mas porquê só mulheres? A autora do documentário responde, "os homens só gostam de carros". Sem comentários! Eu concluo que homens doentes mentais são mais envergonhados.

terça-feira, 5 de maio de 2009

OBJECTUM SEXUAL OU OBJECTÓFILA

Na última edição da revista Sábado do dia 29 de Abril li um artigo que achei no mínimo curioso.

Esta frase captou a minha atenção:"HÁ MULHERES QUE TÊM SEXO COM PONTES".

O artigo refere-se a Agnieszka Piotrowska, realizadora polaca, que filmou um documentário sobre mulheres que manifestam sentimentos de afecto ou obsessões amorosas para com objectos.
Neste documentário a realizadora entrevista doze objectófilas de entre 40 que encontrou na sua pesquisa, que são as que existem no mundo. "São mulheres que apaixonam-se por qualquer objecto, sistemas de audio, locomotivas, pontes, vedações, o muro de Berlim ou a Torre Eiffel." Apenas uma das mulheres entrevistadas tentou uma relação com pessoas mas "achou a relação sexual humana demasiado díficil".

Lê-se no artigo: "O momento mais constrangedor do documentário Married with the Eiffel Tower (casada com a Torre Eiffel) é protagonizado pela norte-americana Amy. Ela está a acariciar a balaustrada que rodeia o altar da igreja que frequenta, quando entra o padre. É a primeira vez que confessa o seu amor pela balaustrada e chora com medo que o sacerdote a expulse. Mas o padre Mark é compreensivo e diz-lhe. "Todos são bem-vindos à casa de Deus"."

Dois consultores psicólogos fizeram parte do projecto e o consenso a que chegaram é de que "a sexualidade relacionada com objectos é provocada por problemas na infância, causadas por maus-tratos e negligência - incidentes que tornaram muito díficil a relação com as pessoas". Julgam que estas pessoas optam por uma aitude defensiva face aos humanos. "Um objecto não é agressivo, não nos vai desiludir, não nos irá trair - porque não haveríamos de gostar?"

Dá que pensar? O quê? Por agora só quero deixar o registo.

sábado, 2 de maio de 2009

MANKIND IS NOT AN ISLAND???

Foto de Marlene Fernandes - Rossio (Lisboa- 2009)



A HUMANIDADE NÃO É UMA ILHA! Alguém gritou! Silenciou sorrisos, gerou pânico, fez emergir pensamentos, acendeu olhares antes distraídos e depois observou ele próprio. O peso da culpa fez-se nuvem insustentável e chovia nos rostos das pessoas presentes uma dor cínica. Foi-se espalhando pela pele e desfez-se em piedade líquida. Escorria sem parar. EU TAMBÉM ESTOU PRESENTE. Confesso-me culpado. Por ivalidez, por impotência, por desprezo. Por momentos tenho a cabeça baixa e é como se eu fosse chão onde te deitas SEM-ABRIGO.

Quando te vejo és assim, essa imagem só, caída entre a gente, indefinida, contornada por sombras e sem rosto (porque nunca ousei olhar-te nos olhos). És uma ilha de desumanidade no meio dos que são pessoas, és espelho do conceito em si, ou pelo menos da sua consequência, o reflexo da indiferença e eu sou CULPADO.

A humanidade não é uma ilha! A ilha é o resultado da inoperância da humanidade. ÉS TU. És tu desenhado na horizontal no meio da Praça do Rossio enquanto as pessoas passam e observam, interessadas, as filmagens de um filme francês qualquer que não sabem o nome nem nunca vão saber. Assim como nunca saberão também o teu. Mas como não poderiam estar interessadas se a cidade está parada, os semáforos ficaram avermelhados e a mobilização policial desvia o seu interesse de qualquer outra coisa, mesmo que te transformasses nessa coisa?

Estás cansado e SEM-ABRIGO, sem ABRAÇO, sem TERRA, sem ALMA, sem VOZ e EU, SEM CORAGEM. Observo-te como se tivesse nevoeiro em frente dos olhos e continuo, sem parar... sigo outros que já iam à minha frente...

To live on the street is to be an "eye-sore", to be ostracized
to havenothing, to be nothing, to be invisible,
the object of anger, the object ofguilt, painfully ignored or pitied.
Rae Bridgman, 1998

Esta foi a definição de sem-abrigo que encontrei. Sem comentários:

Sem abrigo; cidadão que não possui residência fixa e que durante um período mínimo de uma semana, dorme em locais públicos, em alojamentos temporários